domingo, 22 de fevereiro de 2009

Ensino Experimental Reflexivo das Ciências! O que dizem as crianças de práticas EERC? - 3

A metaprendizagem é a consciência e o conhecimento que os alunos desenvolvem acerca de como são ensinados e dos processos de aprendizagem que vivenciam. Quando os alunos apreciam a forma de aprender que lhes é proporcionada, essa consciência reforça neles a capacidade de aprenderem mais e melhor: são alunos dotados de elevadas competências metacognitivas.

Na composição livre que foi solicitada aos alunos de duas turmas do 4º ano, depois de 60 horas de Ensino Experimental Reflexivo das Ciências, foram identificados comentários com carácter de metaprendizagem que se incidem nos seguintes aspectos:

a) valorização da sua participação (5; 12,5 %);

b) valorização das responsabilidades assumidas (3; 7,5 %)

c) reconhecimento do papel experimentação/manipulação na aprendizagem (4; 10 %)

d) reconhecimento do desenvolvimento da capacidade de pensar (9; 22,5 %)

Apresentam-se alguns excertos textuais das composições dos alunos:

a) valorização da sua participação

Exemplos:

Fazemos os nossos planos de investigação, tiramos as nossas próprias conclusões. (...) São aulas em que todos participamos muito e que nos vão ajudar para o futuro. (Paula Alexandra, 8 anos)

De início tivemos algumas dificuldades em acompanhar as aulas mas habituámo-nos a elas e, então, desenvolvemos as nossas capacidades, tendo a oportunidade de participar activamente. Nas aulas fomos fazendo experiências com seres vivos, observando o seu comportamento. Construímos vários aparelhos e concluímos da sua utilização. (Sofia, 10 anos)

Ao primeiro eu sentia uma coisa que me dava um bocado de tristeza porque não sabia nada. Depois ao longo do tempo fiquei a saber mais coisas e a me entregar mais ao trabalho. (Tiago, 9 anos)

b) valorização das responsabilidades assumidas

Exemplos:

Quando conheci o Dr. Sá fiquei com uma grande admiração por ele, porque a maneira que ele nos ensina as coisas é a mais correcta. Acho que aos poucos e poucos eu comecei a entusiasmar-me mais com as Ciências porque eu percebi que tinha de trazer material também percebi que tinha responsabilidades. (Vítor, 9 anos)

c) reconhecimento do papel da experimentação/manipulação na aprendizagem

Exemplos:

Foi uma ideia muito engraçada (as aulas de Ciências) pois nós fazendo experiências, não esquecemos aquilo que observamos. (Alexandra, 8 anos)

Acho que só com experiências verdadeiras que nós realizamos pudemos chegar ao conhecimento verdadeiro das Ciências da Natureza e assim estarmos motivados para uma disciplina tão bonita. (Teresa, 9 anos)

(...) durante cada aula que foi passando eu ia ficando cada vez mais interessado e espantado, pois as aulas foram sempre interessantes e cada vez eu ia aprendendo mais coisas. E agora que está no fim eu pego num objecto e sei que se eu o observar e investigar vou saber tudo acerca dele. (Tiago, 9 anos)

d) reconhecimento do desenvolvimento da capacidade de pensar

Exemplos:

Eu gosto muito das aulas de Ciências porque é um dos meios onde nós aprendemos. (...) Eu também gostei que o doutor Sá nos ensinasse a pensar. (Vânea, 9 anos)

Ao fim destas experiências e dos planos de investigação cheguei à conclusão que as aulas de ciências são muito interessantes e desenvolvem-me a cabeça e o meu raciocínio. (Joana, 9 anos)

Com estas aulas descobri muitas coisas engraçadas sobre o que acontece à nossa volta, sem nos darmos conta delas. Fez-me, por isso, olhar para a Natureza com outros olhos. ( Inês, 9 anos)

Eu penso que no futuro estas aulas nos vão ser úteis. Com elas podemos provar várias coisas que outras pessoas não acreditam. (Teresa, 9 anos)

(...) se não fosse o Dr Sá eu não sabia como investigar, como fazer planos de investigação... Eu acho que o Dr Sá nos tornou uns pequenos Cientistas. (Tiago, 9 anos)

Quando começaram as ciências eu estava com um bocado de medo mas quando eu ví que não era assim tão difícil correu tudo bem. Mas depois ia sendo mais difícil. Eu comecei a perceber que as aulas de ciências estavam-me a por a cabeça a funcionar e a desenvolver para os problemas e principalmente para os planos de investigação. (Francisca, 9 anos)

Os alunos foram de facto treinados a pensar de forma muito intencional e deliberada. Mesmo assim, foi para mim uma surpresa e motivo de grande satisfação constatar que 9 alunos demonstraram essa consciência, por sua livre iniciativa, transmitindo-me a sua descoberta de que o pensar lhes proporciona prazer e satisfação pessoal.

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá!

Adoro o seu blog!
Tem um prêmio para você lá no meu cantinho: carrosseldaaprendizagem.blogspot.com

Abraços, Michelle

Joaquim Sá disse...

Olá Michelle!
Obrigado. Gostei muito de ver o seu lindo sorriso estampado no meu blog.

Fico contente por saber que, do outro lado do Atlântico, você acompanha as novidades que vou dando de um trabalho que a alegria e o entusiamso das crianças, desde a primeira hora, me "obrigaram" a prosseguir.

Neste momento o número de brasileiros que visita o blog é já superior ao dos portugueses. Pois... o Brasil é imenso.
Um abraço.
Joaquim Sá