O Ministério da Educação decidiu deixar de financiar o Programa de Formação em Ensino Experimental das Ciências do 1.º ciclo, destinado aos docentes deste ciclo de escolaridade. "O programa termina porque cumpriu os objectivos", justificou ontem a tutela, que também confirma o fim do seu financiamento ao abrigo do Programa Operacional do Potencial Humano. Os programas para a Matemática e o Português vão manter-se.
Notícia em:
Sobre este programa de formação de professores do Ministério da Educação, por dever de consciência cívica e responsabilidade académica, tomei em tempo a minha posição crítica, tendo enviado o meu parecer à Senhora Ministra da Educação. Aí afirmo:
(…) consideramos que este tipo de proposta didáctica coloca um patamar de exigência cognitiva de partida que não está ao alcance dos alunos do 1º ciclo. Numa pespectiva vygotskiana, dir-se-á que a tarefa colocada à criança situa-se acima do limite superior da zona de desenvolvimento proximal, o que equivale a dizer que cai claramente fora do alcance cognitivo do aluno. Em vez do envolvimento intelectual e sócio-afectivo desejável gera-se a indiferença e a desmotivação dos alunos.
(…) do meu ponto de vista esta abordagem tende a fazer da ciência para crianças num engenharia mecanicista de exercícios repetitivos em volta das variáveis a manipular e controlar. Por isso não a recomendo.
O parecer completo está acessível neste blog em
Foi muito tempo ... tendo as Comissões de Certificação de manuais escolares, designadas pelo ME, adoptado aquele programa como referência, e por via disso frequentemente sugeriram nas suas recomendações que os manuais do 1º ciclo incluissem o padrão de actividades experimentais de manipulação e controlo de variáveis, em termos que são de todo desajustados ao desenvolvimento mental da faixa etária dos alunos do 1º ciclo.